quinta-feira, 18 de outubro de 2012


 

 

HELENISMO E FILOSOFIA CRISTÃ

 

         O período da história da Grécia e de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 146 a.C., caracterizou-se pela difusão da civilização grega numa vasta área que se estendia do mar Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, o helenismo foi a concretização de um ideal de Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava. Foi naquele período que as ciências particulares tiveram seu primeiro e grande desenvolvimento. Foi o tempo de Euclides e Arquimedes. O helenismo marcou um período de transição para o domínio e apogeu de Roma.

         O período helenístico é caracterizada principalmente por uma ascensão da ciência e do conhecimento. A cultura essencialmente grega se torna dominante nas três grandes esferas atingidas pelo Helenismo, a Macedônia, a Síria e o Egito. Mais tarde, com a expansão de Roma, cada um desses reinos será absorvido pela nova potência romana, dando espaço ao que historicamente se demarca como o final da Antiguidade. Antes disso, porém, os próprios romanos foram dominados pelos gregos, submetidos ao Helenismo, daí a cultura grega ser depois perpetuada pelo Império Romano.

            Atenas perdeu a sua independência e caiu sob o domínio dos macedônios, deixa de ser o centro do conhecimento e as reflexões aristotélicas e platônicas estão profundamente mudadas. Agora temos uma período de erudição, de crítica penetrante e sábia reelaboração das conquistas do passado, não apenas no campo da filosofia, mas também oratória, arte, teatro...

            Movimentos helenistas

·         Estoicismo: uma doutrina essencialmente moral.Uma visão dualista do mundo, o kósmos e o logos.

·         Epicurismo: o conhecimento sensitivo é fundamento de qualquer outro conhecimento.

·         Cepticismo: a sabedoria não consiste no conhecimento da verdade mas na sua procura.

·         Ecletismo: a procura da verdade não se esgota, porém é necessário reunir os pensamentos e organizar pensamentos mais completos.

 

 

Filosofia Cristã

 

Atitude filosófica de refletir a verdade buscando o conhecimento racional que auxilie na defesa da fé a fim de afastar o paganismo.
 

No período helenístico temos três correntes filosóficas que são denominadas filosófico-religiosos:
 

·         Síntese da filosofia grega e a religião hebraica – platonismo judaico

·         Síntese entre a filosofia grega e a religião cristã  - platonismo cristã ou Patrística.

·         Síntese entre a filosofia grega e as religiões pagãs – platonismo pagão ou neoplatonismo.

            Cada corrente com seus expoentes procura defender a crença dentro de uma reflexão filosófica na busca da verdade a partir da razão que leva ao acreditar em além dela. A filosofia cristã, entra nesse campo de reflexão fazendo uma defesa racional do acreditar além da razão e dando justificativas à fé.

domingo, 10 de junho de 2012

VOCAÇÃO


            Todos somos chamados a manifestar em nossa vida o que de especial ela tem. Expressar por e nela o amor com que Deus nos dotou com seus dons, a fim de vivermos na Sua graça e contribuirmos para que o reino de Deus seja anunciado. Vocação é responder ao amor de Deus.
            Um dia morávamos em Deus e já pertencíamos ao seu plano de amor. Ele nos presenteou com um corpo e passamos habitar no mundo. Não porque Ele achou que isso seria bom, bonito e nos faria bem; mas porque tem um plano para nossa vida. Um plano de amor que passa por nós e para atingir a todos que convivem conosco. Vocação é conviver e anunciar o amor de Deus com nossa vida,
            Deus nos chamou à vida e nossos pais responderam por nós. Eles contribuíram para que o amor de Deus em nós fosse uma realidade. O amor é uma realidade de Deus que somos chamados a viver.
            Com o dom da vida que há em nós, vivenciamos muitas realidades: umas são pertencentes ao amor de Deus, alegram-nos, outras nos entristecem e também a Deus por serem contrárias ao seu plano para nossa vida. Quando respondemos ao Seu amor, seguindo os seus ensinamentos, estamos respondendo ao chamado para viver intensamente na Sua graça.
            Mas afinal, o que é vocação?
            Vocação não é uma inclinação ou aptidão para alguma coisa. Vocação é um chamado que Deus dirige a toda pessoa para que ela realize uma missão na vida. Vocação é um chamado que exige uma resposta para o engajamento no serviço da comunidade. Vocação é um caminho para a realização de um projeto de vida. Vocação é a realização da vida do jeito que Deus quer e de acordo com as necessidades do tempo.
            Vocação provém do latim vacare: chamar ou chamado.
            Vocação é um chamado que Deus dirige-nos a fim de vivermos plenamente o que nos foi reservado por Ele.
            Toda pessoa é vocacionada. Chamada a dar uma resposta positiva do amor de Deus. A vida do vocacionado é um permanentemente viver em Deus.
            A primeira vocação a que respondemos é a vida. Somos chamados por Deus a existir, manifestar a graça de ser uma presença no mundo. Com a vida somos chamados a amar, manifestar a realidade que é Deus em nós. Nessa realidade está expresso o sentido de nossa existência. Deus nos chamou não para apenas vivermos por viver, mas para manifestarmos Seu amor em nós e darmos pleno sentido ao nosso existir. Para isso, Ele vai ao longo de nossa caminhada nos chamando a exercermos uma função especial na vida.
            O batismo, primeiro Sacramento que recebemos, é a vocação a que respondemos para assumirmos a realidade de sermos filhos legítimos de Deus e vivermos a graça de tê-LO por Pai. O pai sempre ama seus filhos acima de todas as coisas, e por isso que Deus nos presenteia com a vocação. A participação na Sua vida.  O dom de manifestarmos com a vida a participação no Seu reino.
            Teresinha dizia que a sua vocação era o amor de Deus e a sua vida fazer a vontade de dEle. Morreu com apenas 24 anos e tornou-se Santa Teresinha, porque viveu essa realidade intensamente doando a vida por esta causa.  Vocação é doar a vida por uma causa.
            Abraão doou a sua vida diante do chamado que Deus fez para deixar a sua terra e recomeçar a vida num lugar diferente e desconhecido. Ele foi obediente, fez a vontade de Deus e sua vida fez parte do reino de Deus (Gn 12). Jeremias tentou resistir, mas Deus insistiu e ele abraçou a missão que foi designada para sua vida (Jr 1). Vocação é assumir o plano de Deus. Jesus chamou Pedro, Thiago, João, Mateus... que O seguiram e suas vidas foram moldadas conforme o plano de Deus.
            Já ouvimos a história de muitos santos e santas que receberam o chamado de Deus, responderam, e são para nós testemunhas e sinal para que também façamos de nossa vida uma resposta positiva ao Seu amor. Assim como eles, também nós somos constantemente chamados a assumir esse plano de amor em nossa vida; e para respondermos a essa realidade que está em Deus, não podemos resistir e nem ter medo de assumir o que nos foi proposto. Somos chamados a vencer o medo e não resistirmos à nossa vocação, que foi escolhida por Deus.
            Assumir a vocação é responder ao chamado de Deus, é deixar nossa vida ser moldada pelo Seu amor.
            Quem chama é sempre Deus. Chama-nos para assumirmos uma missão evangelizadora de fazermos da vida um sinal de Seu reino. Somos chamados a responder com a vida ao amor que constrói, edifica e realiza a todos. Esse chamado, Deus o faz em toda a nossa vida para que respondamos sempre a nossa vocação que faz parte das etapas da vida.
            Com a primeira vocação, a vida, temos a capacidade para respondermos a todas as vocações que Deus nos faz. Ainda frágeis, necessitados de inúmeros cuidados, somos chamados a consagrar nossa vida a Deus. É a vocação do batismo a que nossos pais responderam por nós.  Continuamos sendo chamados, agora, a viver como batizados conduzindo a vida de cristãos segundo os ensinamentos recebidos. É a vocação da santidade, da vivência plena do amor de Deus.
            Cada Sacramento que recebemos é uma vocação para alimentarmos a vivência do amor de Deus.
            Crescemos, amadurecemos e tomamos conhecimento dos caminhos que a vida oferece. São muitos. Temos a liberdade de escolher para buscarmos nossa felicidade. Porém, precisamos sempre lembrar que a vocação é de Deus. Ele nos chama a assumirmos a vida com responsabilidade, maturidade e missão. É o Sacramento do Crisma. É a confirmação do batismo, agora com nossa resposta de fé.
              Ao percebermos o valor e a necessidade de ser comunidade, fazemos parte dela como membros ativos que colaboram na construção do reino de amor que Deus ensinou. Damos nosso sim para que outros também vivam a alegria de encontrarem Deus. Ele nos chama a viver nossa vida como serviço na comunidade. Como catequista, ministro, leitor da palavra, músico, padre, religiosa ... a comunidade necessita de nossos dons e Deus nos chama a oferecê-los.
            Alguns são chamados ao matrimônio. Construir com outra pessoa um relacionamento amoroso que edifique ambos e formem uma família. Outros a consagrar a vida para estar plena e inteiramente a serviço de Deus. Ainda há aqueles que assumem a vocação do matrimônio e dedicam boa parte de seu tempo para a missão de Deus na Igreja. Consagram parte da sua vida à família e parte à missão de evangelizador.
            Todos somos chamados por Deus. Precisamos refletir a que Ele nos chama.
            A vocação é uma iniciativa de Deus que chama pelo nome, confere uma missão e capacita para a sua realização. A resposta é nossa que pode ser sim ou não. Nessa resposta está o plano de Deus realizado em nós. Quem dá sentido à vida é a própria pessoa, respondendo ao chamado de Deus dedicando-se a uma causa nobre, no convívio com os outros, aceitando com coragem o sofrimento e valorizando cada vitória conquistada.
            A vida é dom de Deus. A vocação é um chamado de para valorizar a vida e dar-lhe pleno sentido.

                                                                                                          Pe. Ramiro


quarta-feira, 30 de maio de 2012

PENTECOSTES


Pentecostes, do grego, pentekosté, é o qüinquagésimo dia após a Páscoa. Comemora-se o envio do Espírito Santo à Igreja. A partir da Ascensão de Cristo, os discípulos e a comunidade não tinham mais a presença física do Mestre. Em cumprimento à promessa de Jesus, o Espírito foi enviado sobre os apóstolos. Dessa forma, Cristo continua presente na Igreja, que é continuadora da sua missão.

A origem do Pentecostes vem do Antigo Testamento, uma celebração da colheita (Êxodo 23, 14), dia de alegria e ação de graças, portanto, uma festa agrária. Nesta, o povo oferecia a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido. Mais tarde, tornou-se também a festa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19, 1-16).

No Novo Testamento, o Pentecostes está relatado no livro dos Atos dos Apóstolos 2, 1-13. Como era costume, os discípulos, juntamente com Maria, mãe de Jesus, estavam reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, "como se soprasse um vento impetuoso". "Línguas de fogo" pousaram sobre os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo.

Pentecostes é a coroação da Páscoa de Cristo. Nele, acontece a plenificação da Páscoa, pois a vinda do Espírito Santoi sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na missão dos discípulos.

Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca Atenágoras (1948-1972): "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos". O Espírito Santo traz presente o Ressuscitado à  Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão.

O Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da descida do Espírito: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. O Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal.
  • quinta-feira, 22 de março de 2012

    20 motivos pelo qual sou católico




    1) - A Igreja Católica tem como seu fundador o próprio Jesus Cristo e ela comprova a sua autoridade com a sucessão Apostólica (Mt 16,18-19).
    A Igreja Católica é governada segundo a forma Bíblica:
    Bispos: (Atos 20,28) (Fl 1,1) (Tt 1,8)
    Presbíteros = anciãos: (Atos 15, 2-6) (Atos 15, 21) ( Atos 15, 18) (1Pedro 5, 1)
    Diáconos: ( Atos 6, 1- 6)
    2) - A Igreja Católica segue a advertência bíblica contra as divisões, cismas e sectarismo:
    (Mt 12,25;16,18; Jo 10,16;17,20-23) 
    (Atos 4,32; Rom 13,13) 
    (1Cor 1,10-13; 3,3-4; 10,17,11,18-19; 12,12-27; 14,33...)

    3) - A Igreja Católica está fundamentada na autoridade da Bíblia (Hb 4, 12-13; 2Tm 3, 16-17); da Tradição, isto é, o conteúdo da doutrina cristã vindo desde o começo do cristianismo que garante a continuidade da única e mesma mensagem de Cristo (2Ts 2, 15) (1Cor 11, 2) e do Magistério, isto é, a palavra do Papa e dos Bispos unidos a ele (Mt 16, 19) (Lc 10,16).

    4) - A Igreja católica recebeu a missão de ensinar a verdade e cuidar da Sã doutrina (Mt 28,19-20 e Atos 2,42), e assim evitar o erro das interpretações particulares que provocam discussões e divisões. Ela é "coluna e sustentáculo da verdade" (1 Tim 3,15).
    5) - A Igreja Católica conservou a Bíblia com todos os livros do Antigo Testamento (46 livros), conforme o uso dos primeiros cristãos e confirmado pelos Concílios regionais de Hipona (393); Cartago III (397), Cartago IV (419) e Trulos (692).

    E, quanto ao Novo Testamento, inspirada por Deus, estabeleceu os 27 livros. Foi ela também quem dividiu a Bíblia em Capítulos e versículos para facilitar a sua leitura.

    6) - A Igreja Católica tem os sete sinais da graça de Deus, Os Sacramentos:
    Batismo (Mt 28, 19)

    Crisma (Atos 8,18)

    Eucaristia (Mt 26, 26-29)

    Reconciliação ou confissão (Jo 20,23)

    Matrimônio (Mt 19, 3-9)

    Unção dos enfermos (Tg 5, 13-15)

    Ordem (instituído por Jesus durante a última ceia, quando disse aos seus apóstolos na última ceia: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19) 
    7) - A Igreja católica acredita que o batismo é necessário para receber a salvação (Mc 16,16), o perdão dos pecados, o Espírito Santo (Atos 2,38) e tornar-se membro da Igreja (Atos 2,41).

    8) - A Igreja católica continua a conceder o sacramento da Crisma do mesmo modo como no passado (Atos 8, 18), isto é, pelos bispos, sucessores dos apóstolos.

    9) - A Igreja católica crê na presença real de Jesus na eucaristia (Jo 6,51.53-56). Ela vive fielmente as palavras da última ceia: "Isto é o meu corpo, que é dado por vós... Este Cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22, 19.20).
    E ela cumpre na Santa Missa, o que manda São Paulo “Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Cor 11,26).

    10) - A Igreja católica mantém a prática de dar uma nova oportunidade de perdão dos pecados através do sacramento da penitência ou confissão, conforme a vontade do seu fundador (Jo 20, 21-23).
    Na Igreja Católica, os Sacerdotes receberam o poder de perdoar os pecados em nome de Deus. (Tiago 5,13-16) (Mateus 3, 4-6) (Neemias 9, 1-2)

    11) - A Igreja Católica professa ser o matrimônio indissolúvel, conforme o ensino de seu fundador (Mt 19,3-9).
    E ao mesmo tempo tem misericórdia e acolhe com amor aqueles (as) que passaram pela dura experiência da separação.

    12) - A Igreja católica continua o sacerdócio instituído por Jesus Cristo na última ceia (Lc 22,14-20), e continuado desde a Igreja primitiva (Atos 6,6; 14,22; 1 Tm 4,14; 2Tm 1,6) até os nossos dias.

    13) - A Igreja continua a prática da unção dos enfermos para pedir a cura para espírito, alma e corpo, conforme ensino bíblico (Mc 6,13; 1Cor 12,9; Tg 5, 14-15) e a prática dos primeiros Cristãos passada de geração em geração até aos nossos dias.

    14) - A Igreja Católica venera a Virgem Maria conforme uma profecia bíblica (Lc 1,48) e a vontade do próprio Jesus (Jo 19,25-27).
    15) - A Igreja Católica professa quatro verdades fundamentais sobre Maria:
    1º - Ela é a mãe de Deus (Lc 1,43)
    2º - Permaneceu virgem antes, durante e depois de dar a luz ao Filho de Deus (Mt 1,16.18)
    3º - Em vista do seu divino Filho foi concebida sem pecado (Imaculada Conceição) (Lc 1,28)
    4º - Terminado o seu tempo na terra foi elevada ao céu em corpo e alma (Assunção) (Ap 12,1-14)

    segunda-feira, 12 de março de 2012

    A IGREJA DE DEUS. A IGREJA NO MATO GROSSO


    A Igreja Católica é Católica Apostólica e Romana. Católica porque está presente no mundo todo, Apostólica porque vivenciamos o mandato que Jesus deixou aos 12 que Ele escolheu e Romana porque temos na pessoa do Papa, que reside em Roma, o primado administrativo da Igreja terrestre. Jesus escolheu Pedro para o primeiro Papa e os primeiros cristãos firmaram em Roma a sede da fé Católica.

    Muitos anos se passaram e a Igreja que é divina, conduzida por pessoas humanas sob a ação do Espírito Santo, anunciou o Evangelho seguindo os passos indicados por Jesus Cristo. Ela acertou, errou, buscou, sofreu, foi e continua sendo perseguida. Bem como foram os primeiros cristãos. Mas o que nos alegra em tudo isso, e igualmente o coração de Deus, é que estamos a caminho e construindo o reino entre nós que nos fará chegar ao reino prometido: participarmos de Sua glória.

    Para isso, a Igreja tem descoberto os melhores caminhos para o anúncio do reino. Nesses melhores caminhos também existem pedras, buracos, pontes caídas... nem por isso desistimos da caminhada. Enfrentamos a realidade, vencemos as dificuldades e continuamos a caminhar. Os melhores caminhos significam a linguagem correta, os meios adequados, a realidade meditada e vivência da Palavra de Deus no dia a dia.

    Deus convida a Sua igreja, que somos todos nós, a não nos perdermos nesse caminho. Não podemos tomar outro rumo. Torna-se necessário iluminarmos a nossa realidade humana com a graça do Espírito do Ressuscitado. Jesus ensinou os Seus a ser uma igreja inserida na realidade. Convida-nos igualmente a colocarmos os pés no chão e vivermos Deus na nossa realidade.

    Cometemos um grande pecado contra a cultura do povo de Deus se forçarmos a vivência em Deus fora da realidade onde estamos inseridos. Vou ser bastante claro: Não estamos em Roma, nem em Jerusalém e muito menos sentados ao lado de Jesus Cristo na glória do Pai. Estamos no Mato Grosso, onde vivem os índios, os assentados, os sem-terras, os oriundos de várias regiões do país e porque não dizer do mundo. Pecamos contra a missão quando queremos aqui, falar contra as culturas daqui e não viver aqui a realidade daqui. Vou ser claro e objetivo mais ainda: uma missão é uma liturgia,  bem como a contemplada em Roma, não serve para o Mato Grosso. Se Jesus estivesse aqui hoje, tenho a plena certeza que Ele não andaria de batina e falaria mal dos índios e sem terras, mas entraria em todas essas realidades com o amor de Deus, acolhendo e perdoando a todos.

    Eu admiro a audácia de quem se diz cristão, anuncia a palavra de Deus nestas realidades e critica essas realidade, exaltando uma realidade que não serve para nosso povo. Quem fala mal das CEBs e teologia da libertação no Mato Grosso, não serve para anunciar o Evangelho no Mato Grosso. O povo de Deus que vive aqui, sofrido e machucado por tantas injustiças sociais e exclusões, não está precisando de pompas, mas de um olhar de ternura, de amor, de acolhimento e da Palavra que os liberte e os faça ser dignos de celebrar a graça de Deus.

    Jesus fez parte de uma história humana. Um povo sofrido, destruído, desanimado, mas também orgulhoso. Como rei, humildemente desceu até a realidade de cada coração, deixou-se humilhar para valorizar cada um conforme as suas necessidades. Não se vestiu como rei (podia ter feito, mas preferiu não) e saiu gritando que o adorassem, mas serviu, se fez um com todos aceitando entregar a própria vida.

    O correto seria imitarmos Suas atitudes. Isso se quisermos ser cristãos.

    Erramos quando nos vangloriamos e acusamos o outro como errado e nos colocamos no pedestal como exemplo. Erramos também quando ao invés da correção fraterna, redigimos cartas para desabar. Erramos igualmente quando nos colocamos a dividir o povo de Deus e com isso todos passam a optar: eu gosto do A. Eu prefiro o B. Nascem os protestos e cartas como imposição e assinaturas para excluir ou não alguém do meio de nós. Igreja não é BBB, também não é palanque político e muito menos local para manifestar ideologias. Igreja é o amor de Deus em ação.

    Na Igreja de Deus abaixo-assinado nunca teve valor. Espero que nunca tenha. E que o valor seja a vida do povo celebrada com dignidade no coração de Deus.

    Como discípulos missionários, reflitamos: o que faço tem valor para Deus ou para mim? A maneira como me porto diante da sociedade, agrada a Deus ou ao povo? Saul agradou o povo, e ...   Jesus agradou a Deus, e ...          


    Deus abençoe nosso povo. Índios, retirantes, sem-terras, latifundiários, famílias, crianças, jovens, adultos, enfermos, excluídos, trabalhadores, desempregados, funcionários, patrões, servidores públicos, letrados, analfabetos, mendigos, abandonados ... esse é o povo de Deus. Essa é a Igreja de Cristo
        


                                                                                                  Pe. Ramiro J. Perotto
    

    sexta-feira, 2 de março de 2012

    O AMOR, AH O AMOR!


                O amor, ah o amor. Este sentimento é aquilo que move a humanidade, em princípio se fez do Pai para o homem, e como aprendemos "Deus é amor". Isto nos faz refletir e mostrar que o amor é algo que existe de homem para homem e da Divindade para o homem e vice e versa, ela existe tanto em família como para os irmãos em Cristo.

                O amor faz homem e mulher se unir, e faz algo que nos mostra que o futuro deve existir com mais alegria, pois ainda hoje presenciamos promessas de amor, que se demonstram na fidelidade, no carinho, na confiança, entre outros sentimentos. O amor é algo que fica, que permanece, não é aquele calor passageiro, pois isso se chama paixão. O amor é algo muito maior, é abdicar do orgulho, dos momentos de descanso, da sua própria existência, é algo que faz o ser humano entregar a sua vida pelo outro. Pelo fato de se entregar a alguém querendo o melhor deste ou desta.

    O amor é algo intangível, não se consegue tocar com os dedos, mas é um sentimento que toca o coração. Seus frutos são as lágrimas, de alegria ou de dor, são os abraços e beijos carinhosos, são os desejos e pensamentos de algo melhor, é o sorriso que estampa o rosto do amante, daquele que declara seu amor infinito, como na cerimônia do casamento, quando o marido declara a mulher amor e fidelidade na alegria e na tristeza, na saúde e na doença por todos os dias de sua vida. É aquilo que "explode" ao coração de um pai ou de uma mãe a seu filho. 

    O maior exemplo de amor humano que já vi é o amor de mãe, é o amor de Maria, mãe Santíssima que intercede por seus filhos a todo o momento.  O importante é saber que o amor próprio sempre fez e sempre se fará necessário, o amor a vida que Deus nos concedeu, isto é, fazer valer a pena cada momento e cada sentimento vivido.

                Mas o que me chama a atenção em nossa comunidade é saber que a sociedade se desenvolve quando o amor se faz firme e constante, de ver que toda semana casais se entregam intimamente e infinitamente um ao outro. Professam sua fé ao amor de Cristo e ao amor que os uni.
               
    Mas o amor também traz responsabilidades e alguns sofrimentos, e é nesse sentido do sofrimento, de humildade e sacrifício que se comprova isto, quer um exemplo? Qual exemplo é maior do que dar sua vida pelo próximo, por aquele que ainda esta por vir? Sim, este é o amor de Cristo, e maior ainda é o amor de Deus, que entrega seu filho para o sacrifício e para a salvação do homem.

    Mas quem vê a Cristo vê também ao Deus salvador. Salvação que se faz pelo amor, e o como dito antes, o amor move a sociedade desde os primórdios. E essa é uma forma de nos animar para o futuro, mesmo sabendo que a estatística nos mostra o contrário. Quem já não viu em alguma reportagem uma vida ser abandonada em saco de lixo pela própria mãe? E isso me faz perguntar, será que esta mulher é digna de gerar um fruto em seu ventre, processo este de geração que é esplendoroso e se faz também um mistério.

                "Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

    O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; 1 Coríntios 13:1-8
               
    Enfim, sem o amor, nada existiria, nada evoluiria, a história não seria feita como foi e não seria escrita da maneira que foi. O amor é aquilo que leva ao perdão, a misericórdia, ao bem querer, ao sacrifício, a doação, a humildade, ao trabalho, ao planejamento e ao mesmo tempo a simplicidade de uma ação impensada que se fez pelo impulso daquilo que esta no coração e no interior de todos.

    Quanto mais seu coração estiver aberto para o amor, mais sua vida será justa e plena. Sabe o que me move? Pois bem "Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor." (Jo 15. 9-10) "Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos... O que vos mando, é que vos ameis uns aos outros." (Jo 15, 12-17)

     Thiago Silvestro
    Seminarista da teologia

    segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

    FILOSOFIA – RACIONAR PARA A VERDADE


    O filósofo Sócrates, que viveu no século IV AC, morreu co 71 anos por que ensinou as pessoas a pensarem.
             A filosofia, que é a arte de pensar, do contemplar, raciocinar ... provoca-nos a construirmos o pensamento em um nível de conhecimento naturalmente mais elevado do que aquele oferecido pela sociedade. A profissão de Sócrates foi pensar e ensinar os outros a pensarem com a arte crítica do não contentamento com a “verdade” oferecida ao ser humano. Sócrates não se contentou em simplesmente aceitar as coisas como são sem refletir por que e para que elas são.
             Enquanto a sociedade nos oferece “verdades” prontas, a filosofia questiona tais verdades como verdade absoluta. O que nos é impostos como verdade, geralmente é determinado como uma verdade que não preside passar pela reflexão de ser ou não ser verdade. A filosofia não aceita Atal determinação e vai em busca da sua verdade.
                O atributo principal da filosofia é o raciocínio à cerca da verdade que para ela não nasce pronta, mas é uma conquista do prêmio alcançado através do exercício pensar.
             Já no tempo de Sócrates a cultura do pensar não era um valor absoluto; hoje menos ainda. A sociedade qual vivemos não ensina a pensar, mas nos entrega “verdades” prontas. A arte de pensar provoca questionamento a cerca de tais verdades prontas; reflexões acerca da vida, da administração social, valores oferecidos... tal reflexão incomoda uma cultura que sobrevive alimentada por uma carência de pensamento, o que nos faz aceitarmos pacificamente a que não contribui como nosso ser. Por inquietar-se com essa realidade, Sócrates morreu apresentando o valor do raciocínio.
      
     A cultura de filosofar deve impregnar-se em nosso pensamento para que o saberes nos elevem a uma clara valorização da vida particular e social, a tal ponto que compreendamos o significado verdadeiro da vida inserida na sociedade. A partir do momento que o exercício filosófico pertencer ao nosso pensamento, daremos mais sentido ao nosso ser e vivenciaremos os valores que nos são próprios.
             O exercícios do filosofar é a arte de valorizar o que é próprio do ser humano e eleva o pensamento epistemológico a encontrar os valores que  beneficiam o valor do pensamento. O exercício do filosofar é pensar sobre os valores da vida que são aceitáveis e nos apresentam uma verdade que nasceu da busca pela verdade. O filosofar é encontrar a verdade que se tornou verdade. Essa busca pela verdade é uma inquietação do pensamento filosoficamente natural.
             Essa verdade foi a que Sócrates apresentou e está inserida na reflexão do pensamento. Quando lhe perguntaram que é o ser humanos, Sócrates respondeu: “ Se alguém sabe, eu não quem e muito menos o que sabe ,mas eu busco saber o que é na meditação do meu eu”.
             Ser socrático é meditar a arte da filosofar e cultivar a busca que eleva à compreensão do que é e pode ser verdade.
       

    Pe. Ramiro

    quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

    3º Domingo do tempo comum

    Era uma vez quatro pescadores. Eles tinham seu ideal de vida, seus sonhos, suas dúvidas, seu trabalho... bem como nós temos. Viviam normalmente como qualquer pessoa, até que algo mude suas vidas totalmente. Um convite, uma curiosidade e uma confiança. Foi o suficiente para que eles tomassem outro e melhor caminho na vida.
                    A vocação dos primeiros quatro seguidores de Jesus, está recheada de detalhes que nos ajudam a compreender o projeto de Deus para a nossa vida. Deus podia fazer tudo sozinho. Preferiu que não. Chamou tantos a fazerem parte de Sua missão, porque Deus sempre lhe lembra de nós, quer que estejam inseridos no Seu reino e damos nossa contribuição para a conversão de todos.
                    Aqueles quatro tiveram dúvidas ao ver Jesus. Não sabiam quem era, de onde veio, para onde vai, o que Ele pretende... confiaram, porque sabiam de outras historias que é bom obedecer a Deus. E haviam falado para eles que aquele cara era da parte de Deus.
                    Exemplo... a primeira leitura. Jonas bem que tentou obedecer a Deus. Mas foi desobediente. Ele não queria ir para Nínive. Fazer o que no meio daqueles pagãos incrédulos, gente sem valor? Ele queria falar para o povo escolhido, os israelitas, que já sabiam de Deus. É bem mais fácil falar para quem já conhece um pouco de Deus. Mas Deus... preciso de você lá. E Já conhecemos a história de sua desistência... o mar... a baleia que o engole e devolve... Jonas não concordava. Mas até que obedece a Deus e... na leitura de hoje, Deus fala pela segunda vez com Jonas, porque na primeira ele não obedeceu. Quando ele resolve obedecer, o povo se converte. Aqueles quatro pescadores também resolveram obedecer. É bem melhor.  Não vale a pena desobedecer a Deus. Ele sabe quem chama e o que é melhor.
                    Jonas, mesmo não concordando, anunciou a Palavra de Deus aos ninivítas, a graça da conversão aconteceu porque ele obedeceu e falou em nome de Deus. Quem converte é Deus. Àqueles que Ele chama e envia, tem a missão trilhar o caminho que Ele escolheu. Quando Pedro, João, André e Tiago tiveram um encontro físico com Jesus, eles tiveram dúvidas sobre quem Ele era e o que fazia. Mas a partir do momento que tiveram um encontro muito mais que físico... um encontro espiritual... suas vidas tornaram-se muito diferente. Eles jamais imaginavam que Deus planejava para eles não apenas ver o Messias, mas fazer parte da Sua missão. Isso foi possível porque eles deixaram suas vidas serem encontradas por Deus na pessoa de Jesus Cristo. Eu sou apaixonado por aquele trecho do Evangelho que ouvimos na semana passada, onde João relata até a hora, era por volta de quatro horas da tarde, em que Jesus fixa o olhar em Pedro. Não tinha como resistir. Jesus encontra os pescadores e eles deixam encontrar-se por Jesus. Jesus fixa o olhar neles de uma maneira que impressiona e os envolve.
                   

    Imaginemos quando falamos com uma pessoa e ela fixa o olhar em nós. Imaginemos também quando falamos com alguém que desvia o olhar. Os olhos são a porta da alma. Eles revelam nosso interior. Jesus sabia disso e fixou o olhar porque falou com o coração, com a alma na vida daqueles pescadores que mantiveram o olhar fixo nEle. Não resistiram, e deixaram tudo para segui-Lo.
    Pedro, João, André e Tiago, e tantos outros que Ele chamou, deixaram tudo porque envolveram com um olhar impossível de desviar. Um olhar que voltou-se na vivência e ai...  nasce a coragem de deixar tudo e seguir um valor maior. Deixar tudo, não implica apenas abandonar os bens matérias, a família, os amigos... Deixar tudo é abandonar todas as coisas que não pertence a Deus. Eles tiveram a coragem de fazer isso. Certas filosofias e ideologias de vida que nos prende, os pecados que estimamos, caminhos que seguimos que nos afastam da graça de Deus. A sociedade oferece muita maneiras para sermos felizes... aparentemente nos fazem felizes. O que me realize hoje, amanhã passa a não existir e eu tenho que buscar algo novo que me satisfaça. E é essa busca de felicidade que a liturgia de hoje nos provoca refletir. Repensar no que está completando nossa vida. O que, quem estou deixando olhar e conquistar minha vida.
    Dois pontos fundamental precisamos levar para o nosso dia a dia.
    Primeiro. Convertei-vos. Converter é mudar a rota. É mudar a direção qual estou seguindo e não é o caminho escolhido por Deus. Precisamos nos converter à Palavra e o amor de Deus em todos os momentos de nossa vida. Converter-se não é apenas ser batizado e frequentar a missa uma vez por semana. Conversão é um exercício diário que nos coloca no caminho desejado por Deus a nós. Conversão é viver no dia a dia a mensagem do Evangelho que nos encoraja a deixar tudo o que não pertence a Deus.
    Segundo. Eles imediatamente deixaram tudo. Eles não pediram para Jesus passar no outro dia, vamos pensar, conversar com a família... imediatamente. Agora. É a urgência do reino de Deus que precisa estar no coração, na vida, na atitude do dia-a dia. Termos atitudes imediatas é pensar com a proposta de Deus, não a nossa.
    O Evangelho conclui afirmando que aqueles pescadores tinham uma vida bem resolvida socialmente. Eles deixaram o pai e os empregados na barca e seguiram Jesus. Naquele tempo, quem tinha um empregado não era uma pessoa qualquer. Era uma pessoa bem resolvida na vida. Aquilo que temos e somos, precisamos oferecer a Deus. É dom de Deus que precisa ser colocado à serviço do Seu reino.
    Jesus não liga, manda um e-mail ou pede que chamem os pescadores no seu escritório. Ele vai até onde se encontram aqueles homens que Ele resolve chamar. Deus chama no ambiente o qual vivemos. Deus deseja que a nossa conversão e missão seja deixar tudo. O tudo, implica a Sua presença, olhando nossa vida provocando-nos a segui-Lo, sem esquecer quem somos, mas fazer de nossa vida um anúncio do amor de Deus.
    Que a exemplo de Jonas obedeçamos. A exemplo dos quatro pescadores confiamos. Que a obediência e a confiança em Deus nos conduza a Sua presença.